quinta-feira, 5 de março de 2015

FAINES, Terapia Antitrombótica após o Infarto e Risco de Complicações Cardiovasculares.


Os fármacos antiinflamatórios não esteroides (FAINES) são amplamente utilizados por seus efeitos analgésicos, antitérmicos e antiiflamatórios.  Boa parte destas ações farmacológicas deve-se a inibição da enzima ciclooxigenase-2 (COX-2). Por outro lado, os efeitos adversos, como a inibição da agregação plaquetária e a diminuição da produção do muco que recobre o trato gastrintestinal, estão bastante relacionados a inibição da ciclooxigenase-1 (COX-1).

Semana passada, Schjerning Olsen e colaboradores publicaram um trabalho (JAMA. 2015;313(8):805-814) onde avaliaram o risco de sangramento e eventos cardiovasculares induzido por FAINES, em pacientes que realizavam terapia antitrombótica após o infarto.  Para isso, os autores utilizaram os dados daqueles pacientes que sobreviveram ao infarto agudo do miocárdio e iniciaram terapia antitrombótica. Estes foram divididos em três grupos: 1) monoterapia com ácido acetilsalicílico, clopidogrel ou antagonistas da vitamina K; 2) terapia dupla com qualquer um dos fármacos listados; ou 3) terapia tripla.
Para todos os grupos buscou-se os registros de uso de FAINES durante a execução do estudo e depois comparou-se com os dados relativos a ocorrência de sangramento ou de eventos cardiovasculares (novo infarto do miocárdio, embolia arterial sistêmica, isquemia  transitória ou acidente vascular cerebral). Um comentário: fica claro que o trabalho só pode ser realizado porque na Dinamarca - onde os dados foram quantificados - os FAINES são comercializados somente com prescrição e todas as informações são cuidadosamente registradas.
Os autores concluíram que nos pacientes recebendo terapia antitrombótica após o infarto do miocárdio, o uso de FAINES aumenta o risco de sangramentos (era esperado) e de eventos tromboembólicos (a novidade do trabalho). Este risco é aumentado tanto para o uso de FAINES seletivos para a COX-2 quanto para os não-seletivos,  com exceção do ácido acetilsalicílico.  
Por fim, uma vez que no Brasil a automedicação com FAINES é frequente e alguns destes fármacos podem ser prescritos pelo farmacêutico, devemos recomendar cautela a este grupo especial de pacientes.
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