quinta-feira, 16 de julho de 2015

Valeu Blogspot!

Pessoal,

foram aproximadamente 56.000 visualizações neste período que o BLOG ficou no ar. Agora está na hora de seguir em frente e assim, a partir de hoje, migramos para a página:


Todos os posts deste blog foram levados para lá!

Vamos evoluir juntos!

Um abraço e espero por vocês no site.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Dificuldades para engravidar? Atenção para o antiinflamatório!


Há um tempo atrás, enquanto estudava a fisiologia do ciclo menstrual, li em um livro de fisiologia que a ovulação dependia de uma pequena resposta inflamatória para acontecer. Na mesma hora pensei: possivelmente uma mulher que esteja tomando antiinflamatórios neste período terá dificuldades para ovular.

Em 11 de junho de 2015, Sami Salman e seus colaboradores publicaram um trabalho confirmando esta hipótese (Salman S, Sherif B & Al-Zohyri A. Effects of some non-steroidal anti-inflammatory drugs on ovulation in women with mild musculoskeletal pain. Annual European Congress of Rheumatology. 11 June 2015).

Os autores avaliaram 49 mulheres divididas em 4 grupos: (1) 10 mulheres participaram do grupo placebo; (2) 16 mulheres ingeriram diclofenaco; (3) 12 mulheres ingeriram naproxeno; (4)11 mulheres  ingeriram etoricoxibe.

Todos os medicamentos foram administrados nas doses recomendadas para o tratamento de dor muscular  moderada, durante 10 dias, a partir do décimo dia do ciclo menstrual. Data onde o processo inflamatório associado a ovulação normalmente começa a acontecer. 

Foi realizada a ultra-sonografia em todas as mulheres para verificar a ocorrência da ovulação e os resultados seguem abaixo:

das 10 mulheres do grupo placebo, 100% ovularam;
das 16 mulheres do grupo diclofenaco, 6,3% ovularam;
das 12 mulheres do grupo naproxeno, 25% ovularam;
das 11 mulheres do grupo etoricoxibe, 27,5% ovularam.

Estes resultados trazem um alerta para todo farmacêutico, que muitas vezes é indagado sobre os motivos que levam a dificuldade de engravidar, enfrentada por muitos casais. Digo isso porque o uso de antiinflamatórios também pode ser colocado na lista daqueles fatores a serem considerados.

Vamos continuar estudando!

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Uso de omeprazol e risco de infarto.

Há um bom tempo que o uso indiscriminado de inibidores da bomba de prótons (IBP) é tema aqui no Blog, para ver um artigo anterior mostrando dados de uso abusivo e revisão das interações medicamentosas: CLIQUE AQUI!

Em estudo publicado nesta semana na revista científica PLOS ONE, um grupo de pesquisadores da Universidade de Stanford,  utilizando dados de aproximadamente 3 milhões de pessoas, investigou a relação entre o uso de inibidores da bomba de prótons e o risco de infarto agudo do miocárdio. Na tabela abaixo você observa a compilação dos principais resultados do trabalho:


Quando observo a tabela penso em duas coisas: primeiro que o uso abusivo de IBP começa a mostrar suas consequências.  Segundo, que nós, farmacêuticos, temos que começar a identificar as diferenças entre os fármacos dentro da mesma classe, ou seja, observe o risco induzido pelo omeprazol e pantoprazol é muito maior do que aquele demonstrado pelo uso de esomeprazol. 

Mas aí você vai me dizer: um farmacêutico não pode substituir fármacos dentro da mesma classe. Correto! Embora já tenhamos legislação que nos permita fazer algo próximo a isso (mas isso é conversa para outro artigo). Por outro lado, se você, assim como eu, acredita que é possível ir além  na nossa profissão. Pode ver nesse tipo de dado uma boa oportunidade para escrever para um médico sugerindo a substituição de um fármaco por outro.  

Caso queira fazer, me coloco a inteira disposição para ajudar! E para começar, AQUI você pode acessar o artigo original.

Um abraço, 
Fabrício Assini

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Interação Medicamentosa e Insuficiência Renal em idosos.

Acredito firmemente que o paciente idoso polimedicado deve receber atenção especial quando pensamos na identificação de interações medicamentosas. Especialmente quando consideramos que o envelhecimento está bastante relacionado com alterações hepáticas e renais. 

Algumas vezes a interação medicamentosa acontece pela soma de efeitos adversos de fármacos diferentes. Por exemplo, Loboz e Sheffield, pesquisadores do Departamento de Farmacologia Clínica da Universidade de Sidney, partiram dessa premissa e avaliaram o funcionamento renal de 301 idosos atendidos num hospital australiano. Para participar do grupo estudado o idoso deveria utilizar pelo menos um das classes farmacológicas a seguir:  inibidores da ECA, antagonistas AT1, diuréticos ou FAINES.

As classes acima foram escolhidas porque, mesmo que por mecanismos diferentes, há evidências que diminuam a função renal. Os pesquisadores mostraram que, nos idosos que utilizavam a associação de pelo menos 3 grupos de fármacos listados acima, os valores de creatinina urinários estavam aumentados quando comparados aqueles idosos que não utilizavam,  sugerindo um prejuízo da função renal. 

Desta maneira, é importante que todo farmacêutico que identifique o uso simultâneo destes fármacos, alerte os outros profissionais envolvidos no cuidado deste paciente para a possibilidade desta interação medicamentosa, garantindo a segurança do idoso. 

Atenciosamente,
Prof. Dr. Fabricio Assini

Para ler o trabalho citado acima: Loboz KK, Sheffield GM. Br J Clin Pharmacol Vol 59(2); Pgs 239-243; Ano 2004.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Risco/Benefício da TRH na menopausa.

Frequentemente sou perguntado sobre os riscos e benefícios do uso da terapia de reposição hormonal (TRH) na menopausa. Na conversa que tento fazer com quem me pergunta, esclareço que a reposição não irá trazer os níveis de hormônios para valores iguais aqueles observados antes da menopausa e que o período ideal para a utilização da TRH encontra-se até os 5 anos após a menopausa.

A dúvida que habitualmente permeia a conversa é sobre o risco do desenvolvimento de câncer. Neste momento procuro esclarecer de que tipo de câncer estamos falando e tento mostrar que, como qualquer tratamento a TRH tem riscos e benefícios, podendo ser indicada a uma mulher mas não a outra. 

A figura abaixo foi publicada na revista Nature Reviews Endocrinology e os autores mostram os riscos (barras vermelhas) e os benefícios (barras azuis) da TRH na menopausa. Como podemos observar, a TRH parece aumentar o risco de câncer de mama, doença cardiovasculares (CHD), trombose venosa profunda (DVT), embolismo pulmonar, acidentes vasculares cerebrais e câncer de ovário. 

Estes riscos estão especialmente relacionados aquelas mulheres que pertencem a populações mais vulneráveis ao desenvolvimento destas patologia, não justificando a retirada do tratamento naquelas mulheres que não encaixam-se nestas populações.

Uma vez que a TRH reduz o risco de câncer de intestino, fraturas de quadril, coluna e outras  associadas as deficiências ósseas induzidas pela menopausa. 



Por fim, espero que a figura acima auxilie outros profissionais farmacêuticos no momento em que precisaram orientar suas paciente no balcão!

Um abraço.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Aceito sugestões!

Pessoal,
preciso ser sincero e dizer que nesta quinta feira não estive inspirado para escrever e também não achei nada que saísse um pouco fora daquilo que venho escrevendo sempre. Por isso passei por aqui para dizer: ACEITO SUGESTÕES.
Isso mesmo pessoal! Sou um farmacêutico que domina fisiologia e farmacologia mas está precisando de idéias para os próximos "posts". Por isso, se você ler esse desabafo, deixe suas sugestões nos comentários abaixo. Prometo que vou me esforçar para desenvolver todas.
Um abraço!

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Lesão hepática induzida pelo paracetamol.

Esta semana a idéia é estudar um pouco de farmacologia básica e tentar aplicá-la  na prática. Assim, ao invés de trazer os dados de algum artigo recente, como faço todas as quintas-feiras, tentei buscar algum tema relevante para que pudéssemos estudar um pouco.  O escolhido foi o metabolismo do paracetamol e, consequentemente, a explicação para a sua hepatotoxicidade.

Na figura abaixo podemos perceber que boa parte (entre 90-96%) do paracetamol (acetaminophen) absorvido sofrerá glicuronidação ou sulfatação e será transformado num metabólico conjugado inativo. Por outro lado, entre 4-10% do paracetamol absorvido sofrerá reação de fase 1 pela CYP2E1 e será convertido no metabólito HEPATOTÓXICO N-acetyl-para-benzoquinoneimine (NAPQI). Quando utilizado nas doses recomendadas, por indivíduos que possuem funcionamento hepático normal,  o NAPQI interagirá com a glutationa e será convertido no metabólito conjugado inativo e dificilmente causará lesão hepática. 


Todavia, é preciso que alguns pontos sejam considerados: 1) os pacientes precisam ser orientados para a quantidade máxima de 4g/dia de paracetamol, uma vez que valores maiores iniciarão a lesão hepática; 2) muitas vezes o paciente não atenta que diferentes apresentações comerciais apresentam paracetamol em sua constituição e, desta maneira, acaba associando-as junto com o fármaco, ultrapassando o limite diário. 

Por fim, o álcool é um potente indutor da CYP2E1, assim aquela pessoa que ingeriu álcool em quantidades moderadas/grandes no dia anterior ou que ingere álcool com freqüência, formará maiores quantidades do metabólito tóxico NAPQI e assim pode apresentar a hepatotoxidade. Não sendo recomendado a indicação de paracetamol para este paciente.

Comentário final: houve algum ponto do texto que não ficou claro? Algo que precisa ser relembrado? Fale nos comentários que preparo um vídeo explicando. Abraço!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Os Idosos Diabéticos estão Recebendo Medicamentos em Excesso?

O trabalho destacado nesta semana avaliou o controle da glicemia, através dos valores de hemoglobina glicada, em idosos americanos durante um período de 10 anos e questionou o risco/benefício da utilização de hipoglicemiantes naqueles pacientes com estado de saúde comprometido.  Mas antes de falar sobre o trabalho permitam-me uma breve revisão. 

Para jovens e adultos, a Associação Americana de Diabetes recomenda valores de hemoglobina glicada abaixo de 7%, enquanto a Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos sugere valores abaixo de 6,5% para promover a redução das complicações microvasculares (cegueira, por exemplo).  Entretanto, em idosos, especialmente naqueles com estado clínico agravado, os benefícios do controle glicêmico rigoroso podem ser menores que os riscos relacionados ao aumento da probabilidade de ocorrer hipoglicemia. 

Uma vez que há trabalhos mostrando que 25% dos idosos atendidos em serviços de emergência devido a reações adversas a medicamentos, procuraram atendimento devido a hipoglicemia induzida por medicamentos (Budnitz DS et al., N Engl J Med 2011; 365 (21):2002-2012). Assim, em idosos com expectativa de vida limitada o os riscos podem exceder os benefícios. 

No trabalho desta semana (JAMA Intern Med 2015; 175(3):356-362), um grupo de pesquisadores americanos do Departamento de Medicina da Universidade de Yale, classificou os idosos estudados em 3 grupos de acordo com seu estado de saúde (Figura 1A abaixo). Podemos perceber que a maior parte dos idosos, independentemente do estado de saúde geral, apresentava valores do hemoglobina glicada abaixo dos 7% recomendados. Além disso, quando observamos a figura 1B, onde são mostrados os tratamentos daqueles pacientes que atingiram o controle glicemico mencionado acima, percebemos que não há variação no perfil de tratamento entre os diferentes grupos investigados. 



Assim, conforme destacado em vermelho, aproximadamente  400 mil idosos com estado de saúde comprometido foram submetidos a um controle glicemico com fármacos que os expunham a efeitos adversos que poderiam agravar ainda mais seu estado de saúde, caracterizando o uso desnecessário de medicamentos. 

Para finalizar, mês passado escrevi um artigo que falava sobre a "desprescrição" de medicamentos. Conduta que se encaixaria perfeitamente nesta situação. Se você não leu, coloco o link a seguir: http://farmaceuticoresponsavel.blogspot.com.br/2015/03/para-medicamentos-menos-e-mais.html

Um abraço!  

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Medicamentos para Enxaqueca durante a Gravidez e Lactação.

A utilização de medicamentos durante a gravidez e lactação requer cautela diante dos riscos trazidos ao feto ou ao lactente. Assim, a todo momento que informação validade é publicada em revistas confiáveis torna-se pertinente que esta seja compartilhada com o maior número de pessoas o possível.

Desta maneira, o artigo desta quinta mostra as informações publicadas por um grupo de pesquisadores noruegueses, na revista Nature Reviews Neurology deste mês. O trabalho revisou a literatura buscando compilar as drogas mais seguras para o tratamento da enxaqueca durante a gravidez e amamentação. 

Como podemos observar na figura abaixo, para tratamento agudo, o paracetamol continua sendo o fármaco de escolha durante toda a gravidez. Embora possa ser utilizado na lactação,  neste período as evidências apresentam vantagens para o ibuprofeno, o qual é excretado no leite materno em menores quantidades. Caso o paracetamol não seja eficiente para aliviar a dor desta mãe, a segunda escolha recaiu para o sumatriptano. 




Por outro lado, se necessário o tratamento profilático, os beta-bloqueadores, tornam-se a classe de primeira escolha. Todavia, durante o último trimestre de gravidez é importante avaliar o risco/benefício do uso de qualquer fármaco,  uma vez que o bebê pode ser exposto a possíveis efeitos adversos. Conforme pode ser observado na figura abaixo:




Um abraço e vamos fazer a nossa parte para promover o Uso Racional de Medicamentos!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

O tempo ideal de atividade física semanal!

Em 2008, diversos guias passaram a recomendar um mínimo de 75 minutos semanais de atividade física intensa (AFI) ou 150 minutos semanais de atividade física moderada (AFM), para que os benefícios para a saúde (em especial a cardiovascular) pudessem ser efetivamente percebidos. Todavia, questões como: até onde estes benefícios chegavam? A partir de que momento o excesso de atividade física pode ser prejudicial? Ainda não estavam claros.

Na tentativa de responder a estas questões, um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer Americano, reuniu os dados de 661.137 pessoas com idades variando entre 21-98 anos.  Estas foram divididos em grupos de acordo com a quantidade de minutos por semana em que praticavam atividade física e comparados em sua longevidade com pessoas sedentárias.


  
O gráfico acima é interessante sob dois aspectos: 1) porque mostra que a partir de determinado ponto as horas a mais de treino não significam mais benefícios sobre a saúde cardiovascular e 2) porque, por outro lado, mostram que o excesso de treino não prejudicou de maneira estatisticamente significante a longevidade dos indivíduos estudados.


Assim, para aqueles que ainda tinham dúvida sobre a quantidades de horas para exercitar-se durante uma semana, o gráfico nos diz: mexa-se e depois que a inércia sair do corpo, coloque como objetivo pelo menos os 75 min/AFI ou 150 min/AFM por semana.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Menos é Mais!



Nesta semana conversaremos sobre os pacientes polimedicados, aqui definidos como  aqueles que utilizam 5 ou mais medicamentos. Habitualmente estas pessoas são idosas, portadores de mais de uma patologia e atendidas por mais de um médico.

Na edição publicada em 23 de março de 2015 do JAMA Internal Medicine, um grupo de pesquisadores australianos propôs um algoritmo para a “desprescrição” de medicamentos. Isso mesmo! Estes autores utilizaram da literatura para mostrar que, em muitas situações, a retirada de um ou mais medicamentos traz benefícios aos pacientes. Por exemplo, a redução do número de quedas em idosos. 

Mostrada a necessidade,  o grupo formado por médicos, farmacêuticos e enfermeiros validou os passos para que a retirada do fármaco obedeça a critérios claros e não exponha o paciente a riscos. O algoritmo é mostrado abaixo:




Segundo os autores, a “desprescrição” deveria ser considerada especialmente nos pacientes idosos quando: 1) apresentarem um novo sintoma sugestivo de efeito adverso da farmacoterapia; 2) manifestarem demência, extrema fragilidade ou completa dependência dos cuidadores; 3) utilizarem drogas de alto risco; 4) estiverem recebendo fármacos para patologias que não serão agravadas após a descontinuação do tratamento;

Claro que este processo encontrará barreiras, por razões óbvias a indústria farmacêutica pode não olhar com bons olhos para o processo. Além disso, em nosso país precisamos fortalecer o vínculo com a classe médica para pensar neste serviço em hospitais ou clínicas. Por outro lado, os residenciais geriátricos podem ser um bom ponto de partida, uma vez que possuem equipe médica e todo o interesse em melhorar a qualidade de vida dos seus pacientes.

Por fim,  gostaria de saber se existe algum ponto do texto que você em interesse que seja aprofundado. Em caso positivo, deixe um comentário!

Um abraço e até semana que vem.