quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Interação Medicamentosa: Espironolactona e Trimetoprima causando morte súbita em idosos.

O paciente idoso polimedicado é alguém que necessita da ajuda de uma série de profissionais da saúde. O farmacêutico, como profissional detentor de excelente conhecimento sobre medicamentos, deve assumir esta responsabilidade e orientá-lo com relação aos possíveis efeitos adversos e interações medicamentosas.

Em fevereiro de 2015,  um grupo de pesquisadores canadenses publicou um trabalho (CMAJ 2015. DOI:10.1503) mostrando que a associação de espironolactona com os antibacterianos trimetoprima e sulfametoxazol (amplamente conhecido no Brasil pela apresentação comercial Bactrim) estava correlacionada com a incidência de morte súbita em pacientes idosos. Os autores avaliaram os dados de 11.968 idosos acima de 66 anos, usuários de espiranolactona, que faleceram por morte súbita entre os anos de 1994 e 2011. Destes, 318  haviam ingerido antibacterianos 14 dias antes da morte.

A análise estatística dos dados mostrou que os pacientes usuários crônicos de espiranolactona que receberam a combinação de trimetoprima e sulfametoxazol, apresentaram um risco duas vezes maior de morte súbita do que aqueles que receberam amoxicilina, por exemplo. O risco de morte também aumentou para aqueles que receberam ciprofloxacino e nitrofurantoina.

O mecanismo para a interação está relacionado ao fato de tanto a espiranolactona quanto a trimetoprima estarem associadas a aumento das concentrações sérias de potássio, assim, é importante que estejamos atentos aos outros fármacos que também induzem hipercalemia, como os inibidores da enzima conversora da angiotensina, por exemplo.

Assim,  diante de um paciente idoso precisamos manter a atenção redobrada para as possíveis interações medicamentosas e, sempre que possível, oferecer a ele nossos serviços de revisão da farmacoterapia.



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