quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Medicamentos e risco de demência em idosos.


Embora os distúrbios cognitivos estejam relacionados à doenças associadas ao envelhecimento, como Alzheimer e Parkinson, uma série de outros fatores podem exacerbar estes sintomas. Recentemente, alguns pesquisadores sugeriram a ligação entre o uso de medicamentos anticolinérgicos e o aumento do risco de demência em pacientes idosos.

Os fármacos anticolinérgicos são utilizados para o tratamento da incontinência urinária, como anti-espasmódicos no trato gastrointestinal  ou ainda, na tentativa de amenizar sinais do Parkinsonismo. Além disso, é importante lembrar que antidepressivos tricíclicos, anti-histamínicos e alguns antipsicóticos também tem afinidade pelos receptores colinérgicos muscarínicos.

Na edição de 26 de janeiro de 2015 do JAMA Internal Medicine, Gray e colaboradores mostraram que idosos utilizando medicamentos com atividade anticolinérgica para o tratamento da  depressão, alergias ou incontinência urinária tinham maior risco de desenvolver demência do que aqueles que não o fizeram. Os pesquisadores avaliaram 3.434 pacientes com mais de 65 anos durante 10 anos.  Ao final do trabalho observaram que 23% dos pacientes apresentaram sinais de demência, destes, cerca de 79,9% possivelmente tinham a Doença de Alzheimer.  Os riscos foram estatisticamente mais significativos naqueles pacientes que utilizaram fármacos com propriedades anticolinérgicas por mais de 3 anos, com destaque para a oxibutinina 5mg/dia e a  doxepina 10mg/dia.

Assim, seria interessante que os prescritores médicos ficassem atentos a estas evidências e, sempre que possível escolhessem antidepressivos, anti-histamínicos ou antipsicóticos com menor atividade anticolinérgica. Ou ainda, nos casos de incontinência urinária por exemplo, que sejam utilizados os  fármacos efetivos com a menor dose. No caso do profissional farmacêutico,  é importante lembrar que vários medicamentos isentos de prescrição (MIPs) apresentam atividade anticolinérgica, fato que pode potencializar a ocorrência dos sintomas da demência mesmo antes do tempo descrito acima.






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