quarta-feira, 25 de junho de 2014

Inibidores da secreção ácida gástrica e carência de vitamina B12.

Os antagonistas do receptor H2 e o inibidores da bomba de prótons (IBP), interagem com a célula parietal gástrica para diminuir a secreção de HCl no interior do estomago. Estas classes medicamentosas são indicadas para o tratamento de ulceras, gastrite e refluxo, embora o uso profilático em paciente polimedicados esteja tornando-se uma preocupação. 

Sobre este tema, em outubro de 2012 publicamos uma matéria descrevendo as interações medicamentosas do omeprazol e dados que demonstravam um aumento na ordem de 320% no numero de prescrições para este fármaco (divulgada novamente neste blog, ver: PELO USO RACIONAL DE OMEPRAZOL). Na prática diária é comum observarmos pacientes fazendo uso de inibidores da bomba de prótons há mais de 10 anos, muitos deles sem uma justificativa plausível ou necessitando de uma reavaliação médica. 

Em dezembro de 2013, Lam e colaboradores [JAMA. 2013;310(22):2435-2442] publicaram um estudo retrospectivo comparando 25.956 paciente que tiveram um diagnóstico de deficiência de vitamina B12 entre janeiro de 1997 e junho de 2011, contra 184.199 paciente que não tiverem este diagnóstico. Depois da analise estatística dos dados, os autores concluíram que o uso por 2 ou mais anos tanto dos inibidores da bomba de prótons quanto dos antagonistas H2 está associado a um maior risco de deficiência de vitamina B12 plasmática. Além disso, os resultados sugerem que o efeito é mais pronunciado em pacientes que fizerem uma inibição da secreção de HCl estomacal mais contundente, ou seja, aqueles que utilizaram as maiores doses dos IBP.

A associação entre as duas classes de drogas e a deficiência vitamínica pode ser justificada por dois motivos: 1) a necessidade do ambiente ácido estomacal para a digestão de proteínas e a liberação de vitamina B12 e 2) os antagonistas H2 e os IBB inibem a secreção tanto do HCl quanto do fator intrínseco a partir da célula parietal. Sendo o fator intrínseco essencial para a absorção de vitamina B12 no íleo. A ausência prolongada de vitamina B12 está relacionada à anemia, demência e outros distúrbios neurológicos. 

Desta forma, é preciso que todos os profissionais de saúde que acompanham pacientes com este perfil estejam alerta para este efeito adverso.


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