Os
fármacos antiinflamatórios não esteroides (FAINES) são amplamente utilizados
por seus efeitos analgésicos, antitérmicos e antiiflamatórios. Boa parte destas ações farmacológicas deve-se
a inibição da enzima ciclooxigenase-2 (COX-2). Por outro lado, os efeitos
adversos, como a inibição da agregação plaquetária e a diminuição da produção
do muco que recobre o trato gastrintestinal, estão bastante relacionados a
inibição da ciclooxigenase-1 (COX-1).
Semana passada, Schjerning Olsen e colaboradores publicaram um trabalho (JAMA.
2015;313(8):805-814) onde avaliaram o
risco de sangramento e eventos cardiovasculares induzido por FAINES, em
pacientes que realizavam terapia antitrombótica após o infarto. Para isso, os autores utilizaram os dados
daqueles pacientes que sobreviveram ao infarto agudo do miocárdio e iniciaram
terapia antitrombótica. Estes foram divididos em três grupos: 1) monoterapia
com ácido acetilsalicílico, clopidogrel ou antagonistas da vitamina K; 2)
terapia dupla com qualquer um dos fármacos listados; ou 3) terapia tripla.
Para todos os grupos buscou-se os registros de uso de FAINES durante a
execução do estudo e depois comparou-se com os dados relativos a ocorrência de
sangramento ou de eventos cardiovasculares (novo infarto do miocárdio, embolia
arterial sistêmica, isquemia transitória
ou acidente vascular cerebral). Um comentário: fica claro que o trabalho só pode ser realizado porque na Dinamarca - onde
os dados foram quantificados - os FAINES são comercializados somente com
prescrição e todas as informações são cuidadosamente registradas.
Os autores concluíram que nos pacientes
recebendo terapia antitrombótica após o infarto do miocárdio, o uso de FAINES
aumenta o risco de sangramentos (era esperado) e de eventos tromboembólicos (a
novidade do trabalho). Este risco é
aumentado tanto para o uso de FAINES seletivos para a COX-2 quanto para os
não-seletivos, com exceção do ácido acetilsalicílico.
Por fim, uma vez que no Brasil a automedicação com FAINES é frequente e
alguns destes fármacos podem ser prescritos pelo farmacêutico, devemos recomendar cautela a este grupo especial de pacientes.
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