Esta semana a idéia é estudar um pouco de farmacologia básica e tentar aplicá-la na prática. Assim, ao invés de trazer os dados de algum artigo recente, como faço todas as quintas-feiras, tentei buscar algum tema relevante para que pudéssemos estudar um pouco. O escolhido foi o metabolismo do paracetamol e, consequentemente, a explicação para a sua hepatotoxicidade.
Na figura abaixo podemos perceber que boa parte (entre 90-96%) do paracetamol (acetaminophen) absorvido sofrerá glicuronidação ou sulfatação e será transformado num metabólico conjugado inativo. Por outro lado, entre 4-10% do paracetamol absorvido sofrerá reação de fase 1 pela CYP2E1 e será convertido no metabólito HEPATOTÓXICO N-acetyl-para-benzoquinoneimine (NAPQI). Quando utilizado nas doses recomendadas, por indivíduos que possuem funcionamento hepático normal, o NAPQI interagirá com a glutationa e será convertido no metabólito conjugado inativo e dificilmente causará lesão hepática.
Todavia, é preciso que alguns pontos sejam considerados: 1) os pacientes precisam ser orientados para a quantidade máxima de 4g/dia de paracetamol, uma vez que valores maiores iniciarão a lesão hepática; 2) muitas vezes o paciente não atenta que diferentes apresentações comerciais apresentam paracetamol em sua constituição e, desta maneira, acaba associando-as junto com o fármaco, ultrapassando o limite diário.
Por fim, o álcool é um potente indutor da CYP2E1, assim aquela pessoa que ingeriu álcool em quantidades moderadas/grandes no dia anterior ou que ingere álcool com freqüência, formará maiores quantidades do metabólito tóxico NAPQI e assim pode apresentar a hepatotoxidade. Não sendo recomendado a indicação de paracetamol para este paciente.
Comentário final: houve algum ponto do texto que não ficou claro? Algo que precisa ser relembrado? Fale nos comentários que preparo um vídeo explicando. Abraço!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários são bem vindos!